Minamoto no Yoshitsune ( 義経) (1159 - 15 de junho de 1189) foi um general do clã Minamoto do Japão que viveu durante os últimos anos do período Heian e início do período Kamakura. Foi um dos samurais mais notáveis da história japonesa, por ser ter sido um dos elementos fundamentais dos Minamoto para recuperar o prestígio do clã, abalado pelos fracassos militares que havia sofrido anteriormente e peça-chave para derrotar e aniquilar em apenas um ano o até então dominante clã Taira, durante as Guerras Genpei em 1185.

Yoshitsune foi o nono filho de Minamoto no Yoshitomo, líder do clã, e de Tokiwa Gozen, uma concubina. Seu irmão mais velho, Minamoto no Yoritomo (terceiro filho de Yoshitomo), fundou o xogunato Kamakura, que marcou a transição de poder da classe cortesã para a classe guerreira e se converteu em um poder paralelo que rivalizaria com o do próprio imperador, relegado a dirigente cerimonial e religioso pelos próximos 700 anos.

Como era costume na época, o nome de Yoshitsune durante sua infância era Ushiwakamaru (牛若丸).

A história de Yoshitsune é marcada por feitos históricos e legendários, incorporados ao folclore japonês. Sua vida trágica já foi representada em obras clássicas e tradicionais da época como o Heike Monogatari, em peças de kabuki, teatro Nô, filmes, mangás, animes, jogos de videogame, além de ter sido figurado em alguns dramas da emissora estatal japonesa, NHK, entre 1966 e 2005.

Yoshitsune pertencia ao clã Minamoto, mais especificamente ao ramo dos Seiwa Genji, um dos mais poderosos da história japonesa, cujo fundador, Minamoto no Tsunemoto, era neto do imperador Seiwa (850 - 880).

Ele nasceu pouco antes da Rebelião Heiji de 1159, em que os clãs Minamoto e Taira, rivais em sua origem imperial e disputa pelo poder, buscavam influenciar a corte imperial em Quioto. No final de 1159, Taira no Kiyomori, líder do clã Taira e aliado do imperador Nijō, saiu de Quioto com sua família para uma peregrinação. Isto providenciou uma oportunidade perfeita para que seus inimigos, Fujiwara no Nobuyori e o clã Minamoto, iniciassem a rebelião sitiando o palácio Sanjō, sequestrando o antigo imperador Go-Shirakawa e o imperador Nijō e ateando fogo ao palácio.

A rebelião foi sufocada rapidamente pelos Taira e, com esta vitória, o clã assegurou sua influência crescente no cenário político do Japão e criou as bases para a ascensão da classe samurai ao poder.

Ao final da rebelião, Yoshitomo e os dois irmãos mais velhos de Yoshitsune, Minamoto no Yoshihira (com 20 anos) e Minamoto no Tomonaga (16 anos) foram mortos. Por ser ainda um bebê, a vida de Yoshitsune foi poupada e ele foi enviado ao Templo Kurama (鞍馬寺 Kuramadera), estabelecido no Monte Hiei, próximo a Quioto. Lá, ele recebeu o nome de Ushiwakamaru, enquanto seus outros dois irmãos, Yoritomo e Noriyori, foram exilados e sua mãe, Tokiwa Gozen, também teve a vida poupada, com a condição de que se esquecesse de seus filhos e se tornasse concubina de Kiyomori. Eventualmente, por ordem de Kiyomori, Yoshitsune foi colocado sob a proteção de Fujiwara no Hidehira, líder de poderoso clã Fujiwara do norte, em Hiraizumi, na província de Mutsu, ao norte da ilha de Honshu.

 

Sabe-se muito pouco acerca da infância e juventude de Yoshitsune. Alguns historiadores da época preencheram as lacunas deste período de sua vida com uma série de aventuras fantásticas. Uma das mais famosas é a lenda de que o jovem Yoshitsune escapou da vigilância de Fujiwara no Hidehira para ir para as montanhas, onde foi treinado no manejo da espada e em táticas de combate por Sōjōbō, o rei mítico dos tengu, espécie de demônio ou divindade menor da mitologia japonesa.

Batalha de Dan-no-Ura.

As tropas do clã Taira se reagrupavam na província de Nagato (atual prefeitura de Yamaguchi), no extremo oeste de Honshu; enquanto isso, Yoshitsune cruzava Shikoku até a província de Suō, mais ao leste. Com a notícia das vitórias de Yoshitsune se espalhando, começaram a chegar à região alguns guerreiros, que constituiriam um reforço de tropas e navios.

Em 25 de abril de 1185 as forças de Yoshitsune se enfrentariam com os Taira em uma batalha naval, em frente ao local chamado de Dan-no-Ura. Yoshitsune tenha em seu poder 850 navios. Apesar de os Taira possuírem somente 500, estavam conscientes de que deviam lutar até a morte, pois não tinham escapatória. A batalha começou por volta das oito da manhã; as marés, as táticas navais e o conhecimento da zona de batalha eram inicialmente fatores de vantagem para o clã Taira.

Os Taira se haviam dividido em três esquadrões, enquanto os Minamoto estavam reunidos em um único grupo, com os arqueiros à frente. No começo da batalha houve um ataque de flechas, mas os Taira se aproveitaram da maré para rodear os Minamoto, realizando vários ataques com espadas e adagas. Com o passar do tempo, porém, a maré mudou e os Minamoto se aproveitaram disso para inverter a situação.

Para infelicidade dos Taira, um de seus generais, Taguchi Shigeyoshi, os traiu passando para o lado de Yoshitsune e lhe revelando qual embarcação levava o imperador Antoku. Yoshitsune concentrou seu ataque no navio apontado; muitos guerreiros do clã Taira se suicidaram antes de serem derrotados pelos Minamoto. Dentre eles, também se encontrava a viúva de Taira no Kiyomori, que agarrou seu neto, o imperador Antoku, de apenas seis anos, e lançou-se com ele no oceano.

Com esta batalha, o clã Taira foi quase inteiramente destruído. O clã Minamoto já havia assegurado a vitória nas Guerras Genpei e, em consequência, assumido o controle absoluto do Japão. Os poucos sobreviventes dos Taira, como Taira no Munemori, foram presos e enviados a Quioto, onde foram executados no final de 1185.

Após as Guerras Genpei, Yoshitsune se aliou ao imperador exilado Go-Shirakawa para rebelar-se contra seu irmão Yoritomo. Abandonando a proteção de Fujiwara no Hidehira pela segunda vez, foi traído e assassinado em 1189 por Fujiwara no Yasuhira, filho de Hidehira.

 

No templo xintoísta Shirahata Jinja em Fujisawa se honra a memória de Yoshitsune.


O Rio Sanzu (em japonês: 三途の川, Sanzu no Kawa, literalmente "Rio dos Três Cruzamentos") é, segundo a tradição budista japonesa, um rio envolto por névoa que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos, e é localizado no Monte Osore.

Entre as várias lendas a respeito do Sanzu, uma diz que as almas podem atravessá-lo de três formas (daí o nome): as carregadas de pecados graves devem passar pela parte mais funda, onde há ninhos de serpentes; as que têm pecados mais leves enfrentam apenas as corredeiras; e as inocentes passam por uma ponte de pedra .

Outra crença diz que é preciso pagar a um barqueiro para que ele transporte as almas para o outro lado (de forma semelhante ao óbolo de Caronte, no Estige da mitologia grega). Por isso, em funerais tradicionais japoneses o morto é enterrado com seis moedas.

Também se diz que uma bruxa ataca os mortos que tentam atravessar o rio, roubando suas roupas; e ainda que espíritos maus tentam impedir a passagem das crianças, que então precisam da ajuda do bodisatva Jizo.